A solução representa um avanço significativo no desenvolvimento de tecnologias para a remoção simultânea de contaminantes orgânicos (associados e organismos vivos) e inorgânicos da água – Foto: Henrique Fontes

Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) e do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (IQ-Unesp) desenvolveram uma tecnologia para filtrar e degradar, ao mesmo tempo, metal cancerígeno e corante que podem ser encontrados na água. O material é uma membrana composta de celulose bacteriana revestida por uma camada de dissulfeto de molibdênio, um metal não tóxico, que pode ser usada repetidas vezes sem perder a eficácia. A membrana percebe substâncias tóxicas que não são identificadas pelas estações de tratamento de água.

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De acordo com um dos autores da pesquisa, professor Ubirajara Pereira Rodrigues Filho, do IQSC, para funcionar a membrana precisa de uma fonte de luz para fornecer energia para um dos componentes e assim estimular reações químicas que resultam na degradação dos compostos tóxicos, conforme eles se prendem na membrana. Os testes mostraram que, depois de duas horas, o material removeu 96% do corante azul de metileno e 88% do metal cancerígeno crômio. A membrana foi capaz de degradar as substâncias tanto de forma isolada como misturadas.

metal cancerígeno água
O material é uma membrana composta de celulose bacteriana revestida por uma camada de dissulfeto de molibdênio, um metal não tóxico – Henrique Fontes/ Ascom do IQSC/USP/Direitos reservados

Segundo Rodrigues, o material tem inúmeras vantagens em relação a outros materiais. “Além de ser uma matéria-prima renovável, a celulose bacteriana permite a construção de um material mais leve, flexível, resistente, com maior durabilidade e menos suscetível a trincas. Embora nossa pesquisa ainda seja apenas uma prova de conceito e esteja em estágio inicial, é muito gratificante ter a possibilidade de proporcionar a quem desenvolve as estações de tratamento de água novas tecnologias para melhorar a qualidade de vida da população”, disse.

O autor principal da pesquisa e pós-doutorando do IQ-Unesp, Elias Paiva Ferreira Neto, explicou que há anos os contaminantes emergentes (tintas, metais, remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal) são um grande desafio para os cientistas, que trabalham para buscar soluções e entenderem os impactos desses compostos. Segundo Paiva, essas substâncias podem ser encontradas nos rios que abastecem os municípios, chegando até as torneiras.

“As estações de tratamento de água precisam de equipamentos adequados para removê-los. Há uma necessidade muito grande de desenvolver novos materiais com propriedades melhoradas e com maior aplicabilidade para a remoção eficiente de uma ampla gama de poluentes da água”, afirmou.

De acordo com ele, o estudo significa um grande avanço no desenvolvimento de tecnologias para a remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos da água e pode resultar em uma ferramenta importante para as estações de tratamento de efluentes das indústrias têxteis e de couro do estado de São Paulo.

“Nos próximos passos do estudo vamos testar a nova membrana para a degradação de outras substâncias, como amostras de medicamentos e pesticidas. Por se tratar de uma tecnologia simples e escalável, nós esperamos que futuramente ela possa reduzir os custos do tratamento de águas residuais e se tornar uma solução para mitigar os desafios ambientais”, ressaltou.

Fonte: Agência Brasil

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).