Operação na TI Yanomami destrói garimpos e reafirma presença do Estado

Helicópteros e soldados em base aérea militar.
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A selva fechada, antes refúgio para atividades criminosas, foi palco de uma demonstração de força e planejamento coordenado. Com 70 horas de voo, varredura a pé em 149 km de mata e patrulha fluvial em mais de 200 km de rios, a Operação Tormenta I desmontou uma rede logística que sustentava o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A presença estatal agora ecoa onde antes reinava a ilegalidade.

Interoperabilidade e recursos empregados na operação

Soldados em exercício com helicóptero no campo.

Realizada entre os dias 6 e 12 de abril, a Operação Tormenta I integrou esforços das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) com órgãos como a Polícia Federal, Força Nacional, PRF, ABIN, FUNAI e a Casa de Governo, no âmbito da Operação Catrimani II. A ação envolveu meses de planejamento e o uso de inteligência terrestre, aérea e satelital, permitindo a escolha precisa da área de atuação: a região conhecida como “Rangel”.

O aparato técnico contou com o Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (SARP) RQ-900 da FAB, que transmitia imagens em tempo real para o Centro de Coordenação de Operações (CCOP). Foram mobilizadas aeronaves como os helicópteros UH-15 Cougar, HM-1 Pantera, H-60 Black Hawk e H-36 Caracal, além do C-98 Caravan. Ao todo, foram realizadas 79 surtidas, totalizando 158 pousos e decolagens, a maioria em pistas não preparadas. A Engenharia do Exército teve papel fundamental na inutilização de pistas clandestinas com uso controlado de explosivos, cortando as rotas logísticas dos garimpeiros.

Proteção dos povos indígenas e impacto local da operação

Soldados patrulham estrada de terra na floresta tropical.

A operação representa um marco na proteção da Terra Indígena Yanomami (TIY), que vinha sendo duramente impactada por atividades ilegais de mineração. Além da devastação ambiental, o garimpo promovia violência, doenças e insegurança alimentar entre os povos originários. A presença de agentes do Estado no terreno — inclusive com patrulhamento fluvial e abordagens a embarcações — não apenas desarticulou a cadeia logística do crime, mas reafirmou a soberania nacional sobre a região.

Seis pessoas foram detidas em flagrante durante a ação e encaminhadas a Boa Vista por agentes da Força Nacional de Segurança Pública. O saldo material também é expressivo: 09 acampamentos, 01 balsa, 09 motores de garimpo, 02 motores de sucção, 400 metros de mangueiras, 05 galões de combustível, freezers, fogões e balanças de precisão foram inutilizados. O resultado, além do impacto financeiro ao crime, foi um alívio imediato às comunidades indígenas, agora com menor risco de contaminação e confronto armado.

O modelo Catrimani II e sua importância estratégica

Explosão controlada na floresta amazônica vista de cima.

A Operação Catrimani II, instituída pela Portaria GM-MD Nº 1.511/2024, insere-se em uma estratégia mais ampla de presença e ocupação territorial do Estado na Amazônia Legal, com foco na Terra Indígena Yanomami, uma das mais simbólicas e ameaçadas do país. Seu objetivo é claro: desmantelar redes criminosas, proteger o meio ambiente e garantir a segurança dos povos indígenas.

A Operação Tormenta I mostrou-se um modelo de atuação interagências, desde a coleta de dados até a execução precisa no terreno. A atuação integrada demonstrou que a defesa nacional e a proteção ambiental podem caminhar juntas, com tecnologia, inteligência e presença física. Ao sufocar a logística do garimpo, o Estado brasileiro envia uma mensagem clara: não há mais espaço para a impunidade e a destruição sistemática da floresta e dos seus povos.

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Marcelo Barros, com informações e imagens do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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