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O protagonismo brasileiro nas operações de paz ganhou um novo marco com a liderança da Marinha do Brasil na elaboração do primeiro manual de artilharia da ONU. Conduzido no COpPazNav, o workshop reuniu militares experientes e civis da ONU em um esforço coletivo para estabelecer normas técnicas, éticas e operacionais para o uso de fogo naval e terrestre em zonas de conflito sob mandato internacional.
Aspectos técnicos e operacionais do manual
O manual de artilharia que está sendo desenvolvido tem como objetivo principal oferecer um guia prático e padronizado para o uso do fogo indireto por tropas da ONU em missões de paz. A proposta contempla desde o conceito de emprego da artilharia até sua organização tática, passando por questões de logística, capacidades operacionais, treinamento e avaliação de desempenho.
Um dos pontos centrais debatidos durante o workshop foi a definição clara dos limites de uso e das liberdades táticas permitidas em operações que, embora militares, têm como base os princípios de cooperação, proteção de civis e construção da paz. O documento também incluirá diretrizes sobre fogo naval, o que amplia seu escopo de aplicação.
A iniciativa busca preencher uma lacuna na doutrina da ONU, ao propor um padrão internacionalmente aceito que permita a interoperabilidade entre tropas multinacionais, respeitando ao mesmo tempo os aspectos éticos, legais e políticos de cada missão.
Cooperação internacional e diversidade de experiências
O caráter internacional do workshop foi um dos grandes diferenciais da iniciativa. Estiveram presentes especialistas de nove países — entre eles Nigéria, Bangladesh, Uruguai, Gana, Holanda, Zâmbia e Marrocos — além de militares brasileiros da Marinha e do Exército, e civis da ONU. Essa diversidade de perspectivas enriqueceu os debates e contribuiu para um conteúdo mais amplo e aplicável a realidades distintas.
O grupo foi coordenado pelo Brigadeiro Raymond Utsaha, do Exército da Nigéria, e teve como subcoordenador o Capitão de Mar e Guerra Rodrigo Fonseca, que já atuou em missões da ONU no Haiti e no Líbano. Ambos destacaram a importância de integrar diferentes doutrinas e experiências para a criação de um manual robusto e eficaz.
O Brasil, ao sediar o primeiro workshop, assumiu o papel de facilitador técnico e diplomático, promovendo um ambiente de cooperação e diálogo entre as Forças Armadas de diferentes nações. Essa postura reforça a vocação do País para a mediação multilateral e o protagonismo construtivo em temas de segurança internacional.
Projeção internacional da Marinha e do COpPazNav
A realização do workshop no Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav) foi estratégica para consolidar a Marinha do Brasil como um dos principais atores no campo das operações de paz da ONU. O centro, localizado na Ilha do Governador (RJ), já é reconhecido internacionalmente por seus cursos certificados pela ONU em operações ribeirinhas e marítimas.
Criado em 2008, o COpPazNav treina militares brasileiros e de nações amigas para missões internacionais. As certificações concedidas em 2020 e 2021 pelo Subsecretário-Geral da ONU para Operações de Paz, Jean Pierre Lacroix, consolidaram o local como único no mundo qualificado nas duas áreas. Sediar a criação do manual reforça ainda mais essa credibilidade.
Além de ampliar a visibilidade internacional da Marinha, a iniciativa contribui para a formação de doutrinas globais com base em experiência brasileira real. A minuta do manual será agora analisada pelo Departamento de Operações de Paz da ONU, com previsão de publicação até o fim do ano. O próximo passo será o workshop de validação, marcado para julho, na Nigéria.
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