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Na sala iluminada por memórias de uma vida marcada pelo mar, a psicóloga aposentada Walderez Moura Cavalcante, de 86 anos, recebeu uma visita especial: o Capitão dos Portos de Alagoas, Rodrigo Garcia e dos Escoteiros do Mar Almirante Soares Dutra. Sobrevivente de um dos episódios mais marcantes da 2ª Guerra Mundial, o naufrágio do navio Itagiba, Walderez emocionou a todos ao segurar a mão do capitão dos portos e dizer: “O mar é minha casa”.
A trajetória de Walderez: superação e legado histórico
Nascida em Maceió, Walderez Cavalcante cresceu à beira-mar, em Paripueira, onde desenvolveu uma ligação especial com o oceano desde muito jovem. Essa conexão foi colocada à prova de forma dramática em 1942, quando, aos 4 anos, embarcou no navio Itagiba com seu pai rumo a Alagoas.

O ataque do submarino alemão U-507, na manhã de 17 de agosto, transformou a viagem em uma luta pela sobrevivência. O torpedeamento fez o navio afundar rapidamente, separando Walderez de seu pai. Em meio ao caos, ela foi colocada em um caixote que flutuava, passando horas à deriva até ser resgatada. A persistência de seu pai foi decisiva: mesmo ferido, ele se recusou a abandonar as buscas até que sua filha fosse encontrada.
Décadas depois, Walderez relembra esse episódio como um marco de sua vida. “O mar sempre foi um símbolo de força para mim. Ele me deu medo e me deu abrigo”, afirmou emocionada.
O torpedeamento do Itagiba e seu impacto no Brasil

O ataque ao Itagiba foi parte de uma ofensiva alemã que abalou o Brasil entre os dias 15 e 17 de agosto de 1942. Além do Itagiba, outros quatro navios brasileiros foram atacados, resultando na morte de mais de 600 pessoas. Essa tragédia marcou o ponto de virada para a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, ao lado dos Aliados.
O presidente Getúlio Vargas declarou estado de beligerância com a Alemanha e a Itália dias depois, culminando na participação brasileira no conflito. Walderez, que na época estampou as manchetes como a “menina salva do caixote”, tornou-se um símbolo nacional, reforçando a comoção pública pela entrada do Brasil na guerra.
O vínculo de Walderez com o mar: entre memórias e homenagens
Apesar das adversidades, Walderez nunca perdeu sua conexão com o mar. Suas lembranças de infância incluem horas brincando na praia e interações com pescadores locais, que reforçaram sua admiração pelo oceano. Esse vínculo esteve presente ao longo de sua vida, até mesmo em sua atuação como psicóloga, onde frequentemente usava o mar como metáfora de resiliência e renovação.
A visita do Capitão dos Portos de Alagoas e dos Escoteiros do Mar foi uma forma de celebrar essa relação. Rodrigo Garcia destacou a importância de histórias como a de Walderez para inspirar futuras gerações. “A força dessa mulher reflete a coragem e a determinação do povo brasileiro em tempos difíceis”, afirmou o capitão durante o encontro.
Para Walderez, o reconhecimento tem um significado profundo. “Não somos apenas sobreviventes; somos parte da história”, declarou, mostrando fotografias da época do resgate. O mar, que uma vez a desafiou, agora é lembrado como sua casa — um lugar onde a força e a serenidade coexistem.
Referências
- SOBREVIVENTE ITAGIBA. Blog de informações sobre a Senhora Walderez Cavalcanti. Disponível em: https://sobreviventeitagiba.blogspot.com. Acesso em: 25 nov. 2024.
- U-507. História e relatos sobre o submarino alemão U-507. Disponível em: https://www.u-507.com.br/2013/02/. Acesso em: 25 nov. 2024.
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