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Aos 99 anos, o Primeiro-Tenente (Refº-EL) Girgazes Agostinho de Brito ainda carrega, com lucidez e emoção, as memórias da noite em que viu o mar virar campo de batalha. Em 1944, ele sobreviveu ao naufrágio do Navio-Auxiliar Vital de Oliveira, atacado por um submarino alemão ao largo de Macaé. O episódio, que marcou a presença do Brasil na Segunda Guerra Mundial, foi registrado em entrevista concedida à Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM).
O naufrágio do Vital de Oliveira: um marco da guerra no Atlântico Sul
Na noite de 19 de julho de 1944, o Navio-Auxiliar Vital de Oliveira foi torpedeado pelo submarino alemão U-861, durante patrulhamento na costa brasileira. O ataque ocorreu nas imediações de Macaé (RJ) e resultou na morte de dezenas de militares e civis. O navio fazia parte do esforço de guerra da Marinha do Brasil, que atuava no patrulhamento do Atlântico Sul, região estratégica durante a Segunda Guerra Mundial.
O Primeiro-Tenente Girgazes Brito, então um jovem marinheiro, sobrviveu do naufrágio em meio ao caos das águas frias e escuras do litoral fluminense. Seu testemunho não apenas oferece detalhes inéditos da operação de salvamento, mas também resgata o contexto da participação do Brasil no conflito global, um capítulo ainda pouco conhecido da história militar nacional.
A voz da experiência: o papel dos veteranos na preservação da memória naval
O relato de Brito é mais que um testemunho: é um elo vivo com a história. Em tempos em que a Segunda Guerra Mundial se distancia no tempo, ouvir os últimos sobreviventes se torna um dever de preservação e respeito. Ao relembrar seu ingresso na Marinha em 1942, ainda como aprendiz na Bahia, o veterano narrou ao entrevistador — o 1º Sargento (AM) Robert Wagner Porto da Silva Castro — sua trajetória com emoção e clareza impressionantes.
Aos olhos da Marinha, os veteranos são guardiões da memória institucional, e seus depoimentos são fundamentais para formar novas gerações de marinheiros conscientes da história que defendem. “Com suas palavras, ele não apenas conta, mas transmite uma herança imaterial de coragem, dor, superação e lealdade à Pátria”, afirmou um oficial da DPHDM presente à entrevista.
Projeto Memória: a estratégia da Marinha para manter viva sua história
A entrevista foi realizada no âmbito do Projeto Memória, desenvolvido pelo Laboratório de História Oral da DPHDM (LabHOr). A iniciativa busca registrar, conservar e difundir narrativas de vida de militares e civis vinculados à história da Marinha do Brasil, formando um acervo valioso para pesquisadores, estudantes e para o próprio público militar.
Além de resgatar episódios como o do Vital de Oliveira, o projeto contribui para a consolidação de uma mentalidade marítima no Brasil, valorizando o passado como base para o fortalecimento da identidade naval. A entrevista com o Tenente Brito será incorporada ao acervo oficial da DPHDM, eternizando sua voz como parte da memória institucional da Marinha do Brasil.
Com gestos de reverência e gratidão, a Marinha homenageia não só um herói, mas também uma geração inteira que enfrentou o mar e a guerra — e cuja história ainda precisa ser contada, preservada e celebrada.
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