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A poeira vermelha do Cerrado se mistura ao suor e ao cansaço dos militares que avançam pela mata fechada. Entre eles, a Soldado Fuzileiro Naval Fabiana Damasceno carrega seu fuzil e supera cada obstáculo com determinação. Aos 23 anos, ela acaba de se tornar a primeira mulher a concluir com êxito o Estágio de Qualificação Técnica Especial em Operações no Cerrado, um dos treinamentos mais desafiadores do Corpo de Fuzileiros Navais.
O Desafio do Estágio de Operações no Cerrado
Realizado pelo Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília (GptFNB), o Estágio de Qualificação Técnica Especial em Operações no Cerrado é um dos mais exigentes da Marinha do Brasil. A seleção para ingressar no curso já representa um desafio por si só. Apenas os militares que demonstram alto nível de preparo físico e resistência psicológica conseguem avançar para as etapas de treinamento.
Aqueles que são aprovados enfrentam um período de cerca de 40 dias de instruções intensas, divididas em três fases. Na primeira, são submetidos a testes de resistência extrema, que incluem marchas forçadas, exercícios de combate e sobrevivência, além de técnicas avançadas de patrulha. Na segunda etapa, passam dias isolados na mata fechada, onde aprendem a construir abrigos, obter água e alimento de fontes naturais e lidar com privação de sono e restrição alimentar. Por fim, a fase final envolve treinamentos específicos de segurança de área e proteção de autoridades.
Os desafios são inúmeros. Os militares carregam mochilas de aproximadamente 20 kg, percorrem terrenos irregulares sob forte calor e enfrentam situações de combate simulado, sempre testando seus limites físicos e mentais. Para Fabiana Damasceno, a maior dificuldade foi o treinamento aquático. “Antes de começar o curso, eu não conseguia fazer nem cinco minutos de permanência com o fuzil a tiracolo. Mas com esforço e dedicação, percebi que podemos superar todos os nossos limites”, contou.
A Superação de Fabiana Damasceno
A trajetória de Fabiana na Marinha começou há poucos anos, quando decidiu ingressar no Corpo de Fuzileiros Navais. Desde o início, sabia que enfrentaria desafios extras por ser mulher em um ambiente tradicionalmente masculino. Seu objetivo era claro: provar que era capaz de desempenhar qualquer função ao lado de seus companheiros de farda.
Ao se voluntariar para o estágio no Cerrado, ela sabia que não bastaria apenas se inscrever. O curso exigiria preparo físico impecável, resistência emocional e muita determinação. Desde o primeiro dia, Fabiana precisou lidar com marchas extenuantes, o peso do equipamento e a exigência dos instrutores. Ainda assim, seguiu firme, vencendo cada desafio e avançando nas etapas mais rigorosas.
Dos 56 militares que iniciaram o estágio, apenas 32 chegaram à terceira semana, quando começaram as instruções de sobrevivência na selva. Fabiana estava entre eles. O peso da mochila que carregava era quase metade do seu próprio peso corporal, mas isso não a impediu de seguir adiante. Seu espírito de superação e disciplina fizeram dela um exemplo dentro da tropa.
“Quero ter algo grande para contar para meus filhos e netos no futuro. Quero que essa conquista inspire outras mulheres a acreditarem que também podem chegar onde quiserem”, afirmou Fabiana, ao final do estágio.
O Significado da Conquista e a Formação dos Fuzileiros Navais
A conquista da Soldado Fabiana Damasceno representa um marco na história do Corpo de Fuzileiros Navais e reforça a crescente inclusão das mulheres nas operações militares. Apesar dos avanços na participação feminina nas Forças Armadas, ainda há barreiras a serem quebradas, e Fabiana prova que as mulheres estão preparadas para enfrentar os mesmos desafios que seus colegas homens.
O estágio de Operações no Cerrado, além de testar os limites físicos e psicológicos dos participantes, é fundamental para a preparação dos Fuzileiros Navais. A qualificação adquirida pelos militares durante o treinamento os capacita para atuar em missões de defesa nacional, operações de segurança e resgate em ambientes inóspitos.
Após 40 dias de esforço contínuo, Fabiana e seus companheiros receberam o distintivo de Operações no Cerrado e o gorro ocre, símbolos de uma conquista reservada apenas aos que demonstram resistência, coragem e fé – lema da tropa conhecida como “carcarás”. A soldado agora faz parte de um seleto grupo de 151 militares qualificados nesse tipo de operação.
O feito de Fabiana Damasceno não é apenas pessoal, mas coletivo. Ele reforça que o caminho para a inclusão e igualdade nas Forças Armadas passa pelo esforço, pela dedicação e pelo reconhecimento do mérito. E, acima de tudo, inspira futuras gerações de mulheres a desafiar seus limites e conquistar seu espaço nas tropas de elite da Marinha do Brasil.
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